segunda-feira, 2 de junho de 2014

Feira do Livro de Madrid

1º Dia da Feira do Livro de Madri: Luis Goytisolo e Antonio Colinas

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Mas vamos aos que valeram a pena…
Luis Goytisolo Gay (Barcelona, 17 de marzo de 1935), romancista, ensaísta e membro da Real Academia Española.
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Quando li no programa de autógrafos o nome de Luis Goytisolo, não acreditei que esse tipo de escritor de primeira linha fosse participar de uma feira de livros, a não ser com um destaque especial e muita fila a ser enfrentada. Goytisolo é membro da Real Academia Espanhola (RAE), com uma obra extensa e um livro comparado em qualidade e importância com “Em busca do tempo perdido”, de Proust, chamado “Antagonía”, “o melhor”, segundo contou- me ontem o próprio autor. Definitivamente, talvez um dos melhores escritores da nossa época, considerado um gênio pela crítica.
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Preparada para esperar muito tempo, levei uma surpresa: não havia ninguém. Possivelmente, não fui muito gentil, mas saiu dessa forma, essas expressões espontâneas: “Mas como não há fila aqui?! Um escritor do seu gabarito, isso aqui deveria estar dando voltas!”. E ele, muito humilde, disse: “É que não sou um escritor de multidões.” Que lástima.
Usei e abusei. Conversei, tirei fotos de e com Goytisolo. Uma pena não ter levado algumas perguntas prévias, mas achei que pela “multidão” não seria possível. Sim, foi possível, mesmo no improviso. Ele autografou os livros “El lago de las pupilas” (2012), uma história com humor (sorriu ao dizer isso); já Liberación (2014) seu último romance, “uma tragédia, uma história muito triste, faltou humor”, afirmou o autor. Também trouxe “Cosas que pasan” (2009), livro com tom autobiográfico. Além desses, tenho sua obra- prima “Antagonía” escrita ao longo de 30 anos, “Depois desse livro achei que não teria mais nada para escrever e olha só…é um livro para ler com calma.”, disse Goytisolo; e “Naturaleza de la novela” (2013), uma beleza de ensaio sobre a narrativa, “ah, esse é o resumo disso tudo aqui”, e apontou para toda a sua obra em cima da mesa.
Goytisolo foi muito amável e atencioso. Saí muito feliz desse encontro. Não muito brevemente, já que só “Antagonía” tem 1112 páginas, pretendo colocar aqui as resenhas dos livros citados. Um dos livros autografados:
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Momento tiete 1. Goytisolo meio que se “desculpou” pela audição ruim, prejudicada depois de uma gripe, mas que “estava se recuperando”:
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Antonio Colinas (Banheza, Leão, 30 de janeiro de 1946) poeta espanhol, romancista, ensaísta, jornalista e tradutor.
Antonio Colinas começou a publicar em 1969, sua obra é extensa. Figura simpática, agradável, “cercana”, como dizem os espanhóis. Fui para comprar seu último livro “Canciones para música silente” e uma antologia de 2011, mas que não tinha no stand. Vou ter que fazer o “sacrifício” de voltar no dia 06 de junho, quando o poeta estará novamente autografando na Feira.
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“Canções para uma música do silêncio” e o seu criador.
Colinas perguntou- me “você escreve?”. Fiquei sem saber responder essa pergunta. Fora que a intenção era perguntar e não o contrário. Escrever, escrevo. Escrevo, mas ainda não publiquei, exceto alguns poemas e ensaios em coletâneas. E o blog, vale? Não disse nada disso, só respondi “ainda estou me preparando”. E ele…”Ué, eu diria que você já é ‘mayor’”(adulta, velha). ‘Dom Antonio, o senhor acaba de me chamar de velha?’. Pensei, mas também não disse. O tom foi de brincadeira, “buen rollo”, expressão espanhola.
Essa afirmação de Antonio Colinas me fez refletir muito. Sim, já é a hora.
Momento tiete 2. A cara “de felicidade” que toda mulher fica depois de ser chamada de velha…kkkkkk…brincadeira. A intenção dele foi dizer que “a bagagem” já é suficiente com a minha idade. Espero que seja. Sou agradecida pelo que disse, uma frase dessas pode mudar a vida de uma pessoa.
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O meu exemplar dedicado de “Canciones para una música silente”.
O puxão de orelha na Editora Gaudír
Recentemente, escrevi no blog sobre “Bibliomanía”, de Flaubert. Comprei uma edição bonita da editora espanhola Gaudír, toda ilustrada, mas com dois erros logo na primeira página: a data de aniversário do autor e a publicação do conto na “Le Colibri”. Mandei mensagem no Facebook “avisando” do erro, mas não se deram o trabalho de responder. Eu já ia embora da feira quando bati de frente com o stand da Gaudír. E para minha surpresa estava lá o livro com os erros, não se incomodaram de o passar pra frente assim mesmo. Peguei o livro e perguntei “vocês trabalham na editora?”. Elas vieram cheias de sorrisos, “Sim, sim”. Abri o livro e mostrei os erros (rodeada de pessoas). “Ah, foi você que mandou uma mensagem no Facebook…”. Ou seja, realmente tinham visto minha reclamação. “Sim, eu mesma, já que não responderam, eu falo em pessoa. ” O mínimo que eu esperava era uma errata, uma reimpressão, um livro novo e correto. Disseram algo? Não se comprometeram com nada. Mas passaram a vergonha e perderam alguns clientes que estavam por ali e ouviram a conversa.
Livro é o lugar do acerto e não admito mesmo esse tipo de coisas. Seriedade é o mínimo!

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