Crianças brasileiras são perseguidas na Espanha
16 abr
Denúncia de ataque acende
debate sobre xenofobia
Uma denúncia de agressão
a duas crianças brasileiras em uma escola de Madri reacendeu na Espanha a
polêmica sobre xenofobia nas instituições de ensino do país. A empresária
paulista Mônica Patusca afirmou que seus filhos, Carlos Henrique, de 12 anos, e
Ana Karina, de 9, foram alvo de agressões físicas e xingamentos racistas por
parte de outros alunos do colégio pelo fato de serem estrangeiros.
O caso ganhou destaque na
imprensa espanhola e levou o governo da Espanha a reconhecer que estudantes
imigrantes são alvo de xenofobia nas escolas do país. Mônica, que mora com os
filhos na Espanha há quatro meses, disse que Carlos Henrique “chegou em casa com
as pernas roxas várias vezes”, afirmando ter sido agredido por um grupo de
garotos da própria turma, da 7ª série do colégio Enrique Tierno Galván, em
Madri. Segundo ela, o filho está fazendo tratamento psicológico para suportar
“uma perseguição xenófoba que acontece desde o primeiro dia de aula, com
xingamentos e violência física”.
Mônica contou ainda que
chegou a prestar queixa na polícia com um boletim médico, mostrando que a filha
sofreu agressão física durante o recreio. Ela também pediu ajuda ao consulado
brasileiro em Madri, que mandou uma carta à escola relatando a reclamação da mãe
dos alunos. Segundo a empresária, que mora em Madri com os filhos desde dezembro
de 2008, o colégio não tomou providências. A diretora Elena Maria Perex disse
que a instituição “não faz declarações à imprensa”.
Pesquisa
A denúncia de Mônica
trouxe de volta ao país a preocupação com casos de xenofobia nas escolas
espanholas. Um relatório de especialistas em educação e sociologia confirmou
recentemente a situação vulnerável dos estudantes imigrantes. Segundo o informe
do Observatório Estatal de Convivência Escolar – feito pelo Ministério de
Educação no segundo semestre de 2008 – há grandes índices de rejeição dos
estudantes espanhóis em relação a alunos estrangeiros.
Baseado numa pesquisa
feita com 23.100 estudantes e seis mil professores do Ensino Fundamental de 300
colégios, a conclusão é de que os alunos espanhóis são pouco tolerantes para com
os imigrantes. Quase a metade dos consultados, 46%, diz que prefere não fazer
trabalhos escolares com companheiros latino-americanos. Dois terços dos alunos
afirmaram ainda que optariam por não estudar ao lado de ciganos, judeus ou
marroquinos. Dos coletivos de imigrantes, os únicos bem-vistos são americanos e
europeus ocidentais. Segundo o ministério, o estudo tem como objetivo revelar as
barreiras existentes a um convívio pacífico entre estudantes imigrantes e
espanhóis, e criar “novas bases para resolver o problema”.
Mas os autores do
relatório admitem que a política de integração está falhando.
“Os coletivos imigrantes
estão sob um grande risco de sofrer intolerância em seus âmbitos de atuação e, o
que é mais grave, não houve melhora alguma dos últimos anos para cá em nenhum
dos métodos de integração e informação”, disse a diretora do informe, Maria
Diaz-Aguado, catedrática de Psicologia da Educação da Universidade Complutense
de Madrid.
fonte: http://avozdoimigrante.wordpress.com/
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