quinta-feira, 17 de abril de 2014

Que tal aprender um pouco a arte de beber um bom vinho?

11/04/2014 10h36 - Atualizado em 11/04/2014 12h20

Iniciação no mundo dos vinhos: um guia rápido e prático sobre a bebida

Vinhos e espumantes conquistam apreciadores de todas as classes sociais.
Confira dicas sobre tipos de taça, temperatura de serviço e harmonização.

Flavio FlarysDo G1 Região dos Lagos
1 comentário
Logo Inter TV RJ Gastronomia (Foto: Inter TV)
A cena é clássica: na prateleira de um supermercado ou diante de uma carta no restaurante com diversas variedades, o cliente olha para todas as opções de vinho disponíveis e fica completamente perdido em relação a qual bebida levar para casa ou pedir ao garçom. Qual combina melhor com o prato que eu vou servir (ou pedir)? Será que esta uva é muito rascante? Chileno, argentino, brasileiro, italiano,... Safra, isto importa? Calma! Em um primeiro momento, é bem difícil escolher e compreender este universo tão vasto dos vinhos. Então, é necessário enumerar algumas atividades interessantes para quem deseja se aprofundar no ramo. Nada de informações teóricas: nesta matéria, caminhos serão sugeridos para ajudar nos primeiros passos deste mundo fascinante. Esteja com as taças a postos!
Com tantas opções, é realmente difícil escolher (Foto: Flavio Flarys / G1)Com tantas opções, é realmente difícil escolher (Foto: Flavio Flarys / G1)
Taças Brodeaux e flûte (Foto: Carlos Sampaio / Mundo dos Vinhos)Taças Bordeaux e flûte são ideais para se ter
(Foto: Divulgação / Mundo dos Vinhos)
E por falar em taças, será que elas são realmente necessárias? Sim e não. Você pode ouvir uma ópera num radinho de pilha, mas isto não é muito recomendável. Assim como a taça, que é o principal instrumento do apreciador, enaltecendo as qualidades do líquido. Cada estilo de vinho tem sua própria taça correspondente, mas as "Bordeaux" se adequam a praticamente todos eles: pode-se servir os brancos e tintos nelas sem problemas! Também é bom ter algumas taças flûte, específicas para espumantes, que retêm o perlage (pequenas bolhas do líquido) por mais tempo. E não se esqueça: jamais encha a taça com mais de um terço da sua capacidade e, ao segurá-la, sempre opte pela base ou haste e nunca pelo bojo, senão aumentará a temperatura do líquido, mudando suas características no paladar. Ah, a temperatura... 
Assim como a taça, a temperatura do vinho é importantíssima! Afinal, quase ninguém gosta de refrigerante quente nem café expresso gelado. E o mito de que o "vinho tinto tem que ser servido na temperatura ambiente" é apenas... um mito. Aqui no Brasil, onde a temperatura ambiente pode chegar a muito mais que 30ºC, o vinho ficaria demasiadamente quente se não fosse previamente refrescado. Genericamente, podemos atribuir as seguintes temperaturas para os espumantes e vinhos: 8ºC para espumantes (2 horas na geladeira + um balde de gelo para manter), 12ºC para os brancos (1 hora na geladeira) e 17ºC para os tintos (20 minutos na geladeira). Lembre-se: vinho muito gelado mascara os aromas e muito quente faz o álcool sobressair. A ordem de serviço será sempre primeiro os espumantes, depois os brancos e a seguir os tintos, sendo os leves antes dos encorpados.
Provar vinhos de diferentes uvas é uma ótima experiência (Foto: Flavio Flarys / G1)Provar vinhos de diferentes uvas é uma ótima
experiência (Foto: Flavio Flarys / G1)
Um começo interessante é comprar vinhos de uvas diferentes e provar. Estabeleça uma faixa de preços e vá conhecendo cada uma delas: Merlot, Cabernet Sauvignon, Carmenere, Malbec, Pinot Noir, Tannat e Syrah são algumas interessantes neste início (este tipo de vinho é chamado de varietal, produzido a partir de uma variedade de uva). Entre as brancas, a Sauvignon Blanc e Chardonnay são indispensáveis de se conhecer. Em relação às safras, neste primeiro momento, não se preocupe: isto só importa realmente para vinhos considerados mais "sérios", com potencial de guarda. Para os mais simples, é interessante saber que os tintos não devem passar de 6 anos e os brancos de 4 anos da colheita (o ano da safra, que vem estampado no rótulo).
Uma boa ideia é juntar um grupo de amigos e comprar algumas garrafas com estas uvas, assim, o custo será dividido e todos poderão provar um pouco de cada variedade e anotar suas impressões. Ao escrever as próprias percepções, o aprendizado já se inicia. Confira, abaixo, uma tabela simples de impressões de vinho:
Vinho:   _____________________
Uva:  _______________________
Produtor:   ___________________
Safra:  ______________________
Teor Alcoólico:  _______________
Preço:   _____________________
Origem:  ____________________
Aspecto visual: _______________
Análise olfativa:  ______________
Análise gustativa:   ____________
Nota final: ___________________
Após escolher suas uvas preferidas, dê um passo adiante: compre vinhos da mesma uva e de países diferentes. Cada produtor escolhe um método diferente na vinificação, e você perceberá que o sabor muda completamente entre determinados vinhos. Agite a taça e tente identificar os aromas, uma tarefa muito complexa, mas instigante. Vários fatores podem influenciar no produto final: o tipo de solo no cultivo, a data da colheita, o uso - ou não - de barricas de madeira, e só há uma maneira de descobrir as peculiaridades de cada rótulo: provando!
Harmonizar comida com vinhos é uma tarefa muito difícil (Foto: Flavio Flarys / G1)Harmonizar comida com vinhos é uma tarefa muito
difícil (Foto: Flavio Flarys / G1)





Ao provar, é sempre aconselhável acompanhar a bebida com algum alimento. E aí começa o capítulo mais difícil de toda a experiência: combinar vinhos com comida é prazeroso, mas muito complexo. Deve-se avaliar as características de ambos, para aproveitar suas afinidades ou contrastes. Não acredite em fórmulas prontas: peixes com vinhos brancos e carnes vermelhas com vinhos tintos normalmente combinam, mas nem sempre. O molho, o ponto da carne, a uva, tudo influencia na harmonização. Preste atenção no peso do vinho e da comida: pratos leves com vinhos leves e pratos consistentes com vinhos encorpados são boas dicas - mas não únicas - para harmonizar uma refeição.
Nos restaurantes, esta tarefa é exercida pelo sommelier. Acredite neste profissional e delegue a ele a escolha do vinho para acompanhar o prato que será servido. Ele, certamente, conhece o cardápio e sabe quais os melhores vinhos para combinar com o que será servido. Uma informação importante que o sommelier precisa ter é qual o valor que o cliente está disposto a pagar pelo vinho. Não se acanhe: diga qual prato vai pedir e quanto quer gastar com a bebida.
Sommelier Brunno Guedes diz que o importante é não ter preconceito (Foto: Flavio Flarys / G1)Sommelier Brunno Guedes diz que o importante é
não ter preconceito (Foto: Flavio Flarys / G1)
Segundo o sommelier Brunno Guedes, proprietário da loja especializada em vinhos e espumantes Rótulos & Rolhas, o importante é não ter preconceito com experiências anteriores: "Às vezes, alguém prova um vinho argentino ou de uma determinada uva e não gosta, e aí surge um certo preconceito. Mas, não é por isso que necessariamente não vá gostar do estilo ou da localização. E tem a questão da rolha também. Muitos clientes têm preconceito com a screw cap (rosca), mas existem belíssimos vinhos com este tipo de lacre, principalmente brancos".
Ao comprar vinhos para consumir depois, é importante guardá-los de forma adequada. Se não tiver uma adega ou wine cooler, ele deverá ficar em local escuro com ausência de cheiros (inseticidas, por exemplo), boa umidade (70%) e pouca variação de temperatura, sendo ideal em torno dos 17ºC. Procure o lugar mais fresco de sua casa e é lá que você vai guardar os seus vinhos.
E não se esqueça: ninguém se torna um expert do dia para a noite. Portanto, aprimore-se com calma, aos poucos, e beba sempre com moderação. Após certo limite, é impossível analisar com fidelidade o que se está bebendo. Compartilhe conhecimento com algum amigo que goste de vinhos, troque experiências e, claro, não deixe de ler esta coluna, que sempre trará dicas do universo enogastronômico! Vários temas ainda serão abordados, como o decanter, adega, tanino, acidez, exame visual e olfativo, equilíbrio, tipos de rolha, harmonização, como guardar o vinho que sobrou do jantar, o trabalho do sommelier, dentre muitos outros.
Tem sugestões, dúvidas ou críticas? Mande para a coluna pelo VC no G1 ou pelo e-mail gastronomia@redeintertv.com.br ou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário